Todo colégio gosta de um mural. E todos que eu pude entrar e pelo menos andarilhar tinham um. Alguns dois, e outros um a cada pavimento. Um excesso que os obriga a pintar cartazes com piloto azul e frases de Gandhi, além dos papéis de ofício para um aviso de uma frase. Tudo bem, mas eu imagino uma serventia melhor e de alegria, alegria a quem não tem muito o que fazer ao voltar do banheiro e não quer entrar já na aula: um painel com o livro predileto de todo professor da série. Coloca o nome do sujeito, uma fotícula em preto e branco de alguma capa do livro e a sinopse ao lado. Como pelo menos um professor numa série é respeitável, o que lhe agrada serve já de anotação para um bom número de alunos, e toda indicação é sempre um gancho. Taí. Gancho. Às vezes penso que a classe média não lê também por não saber onde começar, qual romance ou compilação de contos ou compilação de crônicas ou poemas lhe arrebatariam, lhe puxariam de vez para o lado dos que passam uma tarde virando página. Não simpatizando já com o ato da leitura, o excesso de vaguidão quanto à que obra é uma obra que seria sua sepulta de vez um pré-leitor. Já cheguei a imaginar um doutor que ouve os dramas e os assuntos recorrentes na vida de uma pessoa e depois lhes anota títulos de obras ficcionais a respeito. Nenhum conselho, nem um gesto excessivo, apenas um papel com dez livros e os respectivos autores. Esses livros ganhariam um vínculo para quem foi receitado, e com esses livros os livros.
sexta-feira, 28 de março de 2008
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